sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A luta dos concursados e a lição não aprendida pelos petistas e seus aliados

Se na manhã do dia 07/01/2009, a então governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, tivesse recebido os concursados, que postados em frente ao Centro Integrado de Governo (CIG), pedíamos uma audiência para tratar das nossas nomeações, com certeza a relação do movimento pela nomeação dos concursados, com o governo petista no Pará, teria sido diferente. Éramos, na época, mais de 15 mil aprovados para as 23 mil vagas ofertadas nos concursos abertos pela própria ex-governadora.
Teria sido diferente porque, na audiência (que, claro, nunca houve) Ana Júlia, após ter escutado as nossas reivindicações e falado por mais de duas horas a respeito das grandes obras que o seu governo estaria realizando, talvez tivesse escolhido o melhor caminho para tratar da nossa questão, elaborando um cronograma de nomeações. Assim, teria atenuado o sofrimento de milhares de famílias que ansiosamente aguardavam (e ainda aguardam) pela vaga conquistada a peso de muito estudo e pagamento de caras taxas de inscrição.
No início da noite do dia anterior, havíamos feito uma reunião, no térreo do Centur, onde deliberamos ir, na manhã do dia seguinte ao MPE. O motivo: denunciar a Secretaria de Administração do Estado (Sead), pela contratação de milhares de servidores temporários e lotando-os em órgãos da administração pública estadual, especialmente para a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), sem considerar a existência dos aprovados nos concursos públicos. Após essa audiência (que de fato houve), nos dirigimos em passeata pelas ruas do centro de Belém, chegando ao Centro Integrado de Governo, onde pedimos para ser atendidos em comissão pela governadora.
No entanto, após duas incríveis horas de espera, sem que ninguém tenha ido nos atender, sentindo-se “ameaçados” com nossa presença, funcionários da segurança do prédio público, apareceram e... fecharam o portão. Humilhados, a maioria dos concursados foi embora. Ficamos apenas 70 pessoas. Setenta pais e mães de família, estudantes, trabalhadores, que havíamos deixado os nossos compromissos (muitas mães haviam deixado seus filhos com parentes), para tentar, de uma vez por todas, dar um fim naquela situação.
Indignados com o tratamento arrogante dos dirigentes do governo, pensamos, inicialmente em invadir o prédio, pulando as grades e entrando à força na sala do secretário de Governo. No entanto, precisávamos do apoio da sociedade e aquela atitude poderia ser mal interpretada. Sem saber mais o que fazer, decidimos interromper o fluxo do trânsito naquele trecho.
Localizado quase na esquina da Avenida Nazaré com Quintino Bocaiúva, em frente ao CIG estão localizados dos importantes colégios de Belém e, naquele momento, as aulas haviam terminado e muitos pais buscavam seus filhos. Instalou-se um verdadeiro caos na cidade. Ainda indiferentes, foi necessária a interferência dos policiais militares, para que chegasse até nós, um convite para conversarmos com "alguém" do governo.
Esse tipo de tratamento foi uma constante no governo do PT, durante todo o período em que Ana Júlia governou o Estado. Sempre fomos recebidos assim: com arrogância, indiferença, desdenho e muita, mas muita violência.
A partir daquele ato, as nomeações começaram a sair. Nos dias que se seguiram, pelo menos 5 mil pessoas chegaram a ser nomeadas. Mas, ao mesmo tempo, continuavam as contratações de temporários.
Com a inevitável derrota do governo do PT - após quatro anos de absoluta incompetência para governar o Estado – o PSDB assume novamente o comando do Estado, recebendo, entre outras muitas pendências, uma enorme lista contendo 12 mil servidores temporários contratados na administração petista e, em torno de, 5 mil concursados aguardando convocações.
Logo após o resultado das eleições, tentamos algum contato com os novos governantes, com o objetivo de discutir a situação relativa às nossas nomeações. Somente após muita insistência, conseguimos uma audiência com chefe da Casa Civil, Zenaldo Coutinho.
A reunião com o representante do governo não trouxe o resultado que nós esperávamos, mas abriu um canal importante para a principal razão da nossa luta, a nomeação dos concursados. Além do mais, foi bem aceita a nossa proposta de criação de uma comissão de acompanhamento dos concursos públicos, tanto os que já foram abertos, quanto os que ainda serão, tendo a Asconpa como membro.
Mas, apesar de termos sido tratados com respeito pelo chefe da Casa Civil do atual governo, a Associação dos Concursados do Pará, não deixará de lutar pelo direito dos aprovados e, quando acharmos que já é o momento, programaremos uma nova manifestação de protesto pela nomeação dos concursados aprovados.
Devido a minha postura diante dos novos governantes, tenho recebido uma enxurrada de críticas e admoestações, tanto pelo microblog Twitter (clique na imagem acima), quanto através de comentários anônimos, publicados em páginas de sites da Internet. Em geral, dizem que estou dando mole para os tucanos, tratando-os com uma bondade que não se viu quando se tratava do governo anterior.
Em primeiro lugar, percebo que, ao que parece, ainda vai levar um longo tempo, para que os defensores do governo derrotado, em geral ex-DAS e aliados, aceitem o resultado das eleições e voltem à rotina que tinham antes de 2007, isto é, antes de assumirem o governo do Estado. Vejo que ainda estão com o coração no antigo governo e, insatisfeitos com a derrota, agridem qualquer pessoa que se mostre interessada em tratar de qualquer assunto com o novo governo. Mais ou menos, como um atirador postado em cima de um prédio que alveja quem passa pela rua.
A Associação dos Concursados do Pará vai dialogar com quem for preciso para conseguir a nomeação dos aprovados. Infelizmente não conseguimos dialogar com os petistas. Mas ainda bem  que estamos conseguindo com os tucanos.

5 comentários:

Renato disse...

Retrospectiva do fracasso.
Ana Julia Carepa não pode ser considerada como única responsável pela derrota do PT no Governo do Estado do Pará. Logo no início de sua administração ela até entrou com um bom projeto, abriu concursos públicos e até chamou parte dos aprovados, mas o erro gravíssimo que cometeu naquela ocasião: rodeou-se de assessores incompetentes que subestimaram a inteligência do povo paraense, se empolgou com a grande possibilidade de conquistar com pouco esforço mais quatro anos de “mamata” _ o que era anunciado com pretensão pelos seus ávidos comissionados em manter seus ricos salários. Foi aí então que ela se perdeu no meio de tantos interesses e desprezou o apoio de antigos aliados e se uniu aos antigos inimigos políticos, assim seu governo ficou atolado em dívidas sem nenhuma mobilidade, apenas com um círculo vicioso de gastos como o do “vale gasolina” que foi drenando os recursos do erário público que deveriam ser destinados à melhoria de vida da população. No Serviço Publico Estadual faltava tudo, exceto o número de contratados DAS e comissionados que nem mesmo apareciam nas repartições, sem falar da péssima qualidade dos serviços oferecidos à população, também pudera, os critérios para preenchimentos de vaga bastava ser ou se dizer petista ou simpatizante e pronto, estava contratado para trabalhar com a Julia. Foi aí que a maioria do povo paraense percebeu as intenções malignas do partido vermelho e nem mesmo o Lula pedindo como presente de aniversário que votassem na “Julinha” conseguiu reverter a derrocada campanha. Agora o que vemos são petistas decepcionados, arrependidos, querendo arranjar um bode expiatório para justificarem o destino que galgaram em quatro anos e que agora estão colhendo como flores da amargura. O que deveriam fazer é voltar a memória para o passado glorioso, quase esquecido, quando se podia se contemplar um partido de operários, construído com o sacrifício e luta incessante de milhares de trabalhadores brasileiros.

Alcyr Lima (Cici) disse...

Caro Emílio, é cômico ver quem te ataca. Uma pessoa que integrou um governo que em quatro anos se perdeu em razões muito particulares. Um governo de pessoas que pavimentaram a possibilidade de hoje estarem em uma casa legislativa, como alguns estão e outros não. Um governo que tratou servidores da mesma forma, e por algumas vezes até pior que o outrora governo tucano. A gente pode perder muita coisa, mas a memória dos nossos sofrimentos não dá pra esquecer. Se valeu alguma coisa o governo passado, foi que não podemos cair na mesma cilada. Eles virão daquia dois, quatro, seis anos, mas nunca esqueceremos os que momentaneamente poderiam melhorar a vida pública deste estado e preferiram construir os degraus de suas escadas indecentes. Emílio, eu te conheço de longa data e causa-me repugnância o que li acima, vindo de uma ex-autoridade de um governo falido. Talvez falte melhor forma de essa pessoa descartar sua ira por não se eleger e não eleger sua ex-patroa. Continue com sua luta, e se uma mão jogar uma pedra em ti, saiba que milhares de outras mãos desejam apertar a tua, em agradecimento pela coragem e pelo espírito público. Abraços e conte conosco

Anônimo disse...

Gostaria de saber como é que essa gente ainda encontra moral para abrir a boca, gente essa que acaba de morrer abraçada em figuras nefastas com almir Gabriel, Duciomar entre muitos outros pilantras da política paraense. Esquerda é? Fala sério!

Leonardo Oliveira disse...

Parabéns pelo post e pelo blog. Estou seguindo. Abraços.

DIFÍCIL É VIVER SEM O SEU AMOR" disse...

A política é uma ferramenta muito poderosa, pois a partir desta a maquina social pode se manifestar. Mas esse processo continuo, pode trazer muitos males, pois a imparcialidade e somente expressão de idealista hipócrita. Deve-se sempre pensar no bem comum e isso é quase impossível para aqueles que estão envolvidos de forma direta na política...sejam neo ou naõ, esquerda ou direta/ os interesses se resumem em como e onde , (eu ou nós sempre as primeiras pessoas.) serei beneficiada.