O Coordenador do Círio de Nazaré enaltece a boa acolhida que teve com a bancada paraense no Congresso Nacional (deputados e senadores) por se comprometer a incluir no orçamento de 2009 uma verba oriunda de dinheiro público que será destinada para a festa do círio (Cartas na Mesa de O Liberal de 16/11/08). Reconheço que a intenção é boa, mas a forma está incorreta. Também acho louvável a manutenção de creches e outras atividades sociais feitas pela igreja. Aliás, as Escrituras Sagradas estão cheias de recomendações nesse sentido. Quero deixar bem claro que não se trata de opinião pessoal, mas nos baseamos em claras instruções bíblicas, conforme descrevi em minha carta publicada neste jornal dia 11/11/08 e que faço questão de registrar novamente para que não fique nenhuma dúvida. Tais recomendações estão registradas em Malaquias 3:10, que declara: “Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento na minha casa; e provai-me nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênção sem medida”. Quanto ao dinheiro público, o próprio Senhor Jesus Cristo, em certa ocasião, foi questionado pelos fariseus se era lícito pagar impostos ao governo. Jesus, chamando-os de hipócritas, mostrando-lhes uma moeda da época onde havia uma inscrição do imperador romano, respondeu: “Daí, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (livro de Mateus 22:21, Bíblia Sagrada). O que Jesus está ressaltando é que uma coisa não tem nada a ver com a outra. Assim, fica claro que o dinheiro público arrecadado via impostos é legal e tem como finalidade suprir as despesas administrativas do governo bem como investimentos com infra-estrutura, saúde, educação, habitação e segurança para todos os cidadãos brasileiros, independentemente de sua preferência religiosa, e até mesmo dos ateus! Os segmentos religiosos, por sua vez, devem custear suas próprias despesas com ofertas voluntárias de seus membros. Já imaginaram se as centenas de organizações religiosas se acharem no direito de fazerem o mesmo que a Igreja Católica está fazendo, como ficará o já precário serviço público? Sei que vai ser difícil conscientizar os políticos paraenses sobre essa questão, até porque a maioria deles sobrevive politicamente em função desse tipo de benefício concedido principalmente para organizações que podem demonstrar agradecimento em forma de muitos votos. Por isso em épocas de eleição até mesmo certas igrejas evangélicas (as grandes) liberam seus púlpitos, antes consagrados exclusivamente para a pregação do evangelho, para candidatos ávidos por votos, evidentemente com promessas de benefícios caso sejam eleitos, prática totalmente abominável.
Os cidadãos brasileiros, religiosos ou não, conscientes e cumpridores de suas obrigações com o governo devem repudiar esse tipo de atitude que está na iminência de acontecer. A Igreja Católica também não deve incentivar esse procedimento, pois o mesmo vai de encontro com a doutrina das Escrituras Sagradas.
Quanto aos deputados e senadores paraenses, peço que revertam a verba que seria para a citada festa, para amenizar o sofrimento do povo desta abandonada cidade que um dia foi chamada de Metrópole da Amazônia e que hoje vive um verdadeiro caos, principalmente na saúde, segurança e educação.
Humberto Jônatas Jorge Miranda
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