Foi humilhante ver, na semana passada, os educadores do Pará correndo da polícia, na Rodovia Augusto Montenegro, quando os mesmos apenas queriam manter contato com a governadora Ana Júlia. Quando era bancária (Banco do Brasil) e dirigente do Sindicato dos Bancários, Ana Júlia vivia em portas de bancos conclamando os bancários para abandonarem seus postos de trabalho apoiando greves por reajustes salariais dignos por parte do Governo Federal. Quanta mudança! Naquele tempo ela corria da polícia. Agora, manda a polícia correr atrás dos educadores, acusando-os de desacato a autoridades, danos ao patrimônio e, pasmem, formação de quadrilha! Como os educadores podem se conformar com uma proposta de reajuste simplesmente vergonhosa diante das perdas salariais que já passam dos 60%? E que tal aceitar um ticket “alimentação” de R$ 50,00? Para completar, o governo de Ana Júlia (certamente o pior dos últimos anos) entrou na justiça pedindo que esta greve fosse considerada abusiva... E não é que um juiz da capital acatou o tal pedido alegando ser a atividade educacional essencial? Agora, imaginem se não fosse essencial.
O Brasil está nas últimas colocações em termos de educação (na segurança e saúde a coisa está no mesmo nível). O vexame, presidente Lula e governadora Ana Júlia, segundo a revista Época de 05/05/08, é para chorar de vergonha: 99,7% das escolas públicas não atingem o padrão mínimo dos países mais ricos. Onde estão enfiando a excessiva carga tributária de mais de 36% do PIB, maior que a do Japão e Estados Unidos? Na verdade, a gente sabe, pois a mídia tem cumprido sua missão divulgando escândalo após escândalo do governo petista, o mais corrupto de todos. E o povo, sem a educação devida, clama pelo terceiro mandato! Vocês acham que o PT tem interesse em educar esse povo? Claro que não!
Mas, voltemos a tal da atividade essencial. A paralisação dos educadores foi exatamente pela falta de estrutura física, material, segurança e, principalmente, salários dignos para uma das principais categorias do país. Os educadores vivem sob ameaça de assaltos em áreas externas e internas das escolas. As escolas estão sendo assaltadas semanalmente perdendo seus poucos equipamentos. Algumas escolas não têm currículos. Os educadores têm de comprar pincel e apagador com seus próprios recursos e providenciar lista de freqüência em razão da escola não ter condições de imprimi-las. Os professores não têm onde sentar nas salas não tendo sequer direito a pelo menos uma mesa! As carteiras e ventiladores estão caindo aos pedaços. Os alunos precisam pagar por cópias para fazer as provas e tantas outras aberrações. Será que o juiz que decretou a greve abusiva sabia de todas essas lambanças?
Encerro esse desabafo (e olha que não sou professor) sugerindo ao Sindicado dos Educadores que, caso tenham de voltar às salas de aulas, sem suas reivindicações atendidas, o façam comunicando à SEDUC que somente darão efetivamente aulas se as condições físicas aqui relatadas e a questão financeira (reajuste decente) forem atendidas para que possam fazer valer essa história de atividade essencial. O Sindicato deve também criar meios de repassar essa situação para os alunos e aí, quem sabe, a greve seja reforçada com o apoio deles, os clientes? Afinal suas famílias pagam impostos para receberem serviços dignos! Mostrem aos alunos que cabe ao governo fazer primeiro a sua parte pagando salários justos, garantindo espaço físico adequado, material e segurança para todos! Caso contrário, a atividade essencial perde a razão de existir!
Humberto Jônatas Jorge Miranda
humberto.jonatas@hotmail.com
Belém-Pa.
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