O polêmico Manda Bala, dirigido pelo norte-americano Jason Kohn, será exibido no 2o. Festival de Cinema de Roma, que começa no dia 18. Como adiantou o Estado em janeiro, quando foi exibido e premiado no Festival de Sundance, o filme fez barulho por botar o dedo na ferida aberta da corrupção e da impunidade brasileira. Para se ter uma idéia, o filme se inicia com um aviso: "Esse filme não é para ser exibido no Brasil."
A primeira exibição em Roma será na segunda, 22, e promete ser mais um dos episódios polêmicos que o filme irá provocar. Na capital italiana, o filme integra a seção Altre Visione, que exibe o melhor do cinema de ponta do mundo. Em Sundance, no debate que se seguiu ao filme, o diretor foi questionado sobre o porquê de, diante da coragem de tratar da corrupção no Brasil, não sobrar vontade para exibir este filme no País. "Porque meu pai mora no Brasil e seria perigoso", respondeu o diretor, que é filho de pai americano e mãe brasileira e fala português fluentemente.
A sinopse de Manda Bala, que consta da programação do festival, vale a leitura e resume em poucas linhas o ciclo vicioso da impunidade no Brasil: "São Paulo, no Brasil, é a cidade com o maior número de helicópteros particulares e carros blindados do mundo, onde a corrupção é um investimento econômico e político e o crime é uma atividade tão difundida que é praticado como algo rotineiro. Alguns sobrevivem seqüestrando os filhos de ricos empresários. Os reféns, por sua vez, têm as orelhas mutiladas. Estas, por sua vez, são refeitas por um cirurgião plástico especializado. O inquietante lado escuro de um país onde os mais ricos roubam os mais pobres, que roubam os ricos e assim ad infinitum."
Para fazer esta detalhada investigação sobre a corrupção no Brasil, Manda Bala acompanha três personagens-chave. Um deles é um político que, para lavar dinheiro, abre uma fazenda de criação de rãs de fachada. O político? Ninguém menos que Jader Barbalho. O outro personagem é um empresário que gasta milhões para blindar seus carros. Os depoimentos deste e de outros personagens que já foram seqüestrados revelam como a indústria do seqüestro é um ramo rentável no Brasil. O terceiro é um cirurgião plástico, que reconstrói orelhas de vítimas de seqüestro.
Qualquer semelhança com as atuais polêmicas sobre rolex roubados e afins, infelizmente, não é mera coincidência. O que diria Kohn, que tem somente 23 anos e se mudou para o Brasil durante as filmagens, do atual debate em torno de Tropa de Elite? Infelizmente, Kohn não concede entrevistas para jornalistas brasileiros. Nem pretende mostar seu filme por aqui.
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