domingo, 17 de outubro de 2010

Mais um dia de contestação geral à política de Sarkozy

Da FUNDAÇÃO LAURO CAMPOS (PSOL)
Grave situação dos combustíveis por protestos na França

Paris, 15 out. (Prensa Latina) - Uma jornada de protestos amanhã e outra greve geral no dia 19 de outubro converteram-se hoje em mais dificuldades acrescentadas à já grave situação da França, com problemas afetam o fornecimento de combustíveis.
O tenso panorama social tem sua origem na rejeição dos sindicatos e da imensa maioria dos franceses às reformas à lei de aposentadorias, sobretudo o aumento da idade de aposentadoria de 60 para 62 anos e a elevação 65 para 67 anos para receber a posentadoria integral..
Segundo o Governo do presidente Nicolás Sarkozy, realizar essas mudanças é a única possibilidade do país seguir gozando de prebendas na seguridade social, ao mesmo tempo em que recalcou que a França ainda é muito privilegiada na Europa a esse respeito.
De acordo com fontes fidedignas, um oleoduto que abastece combustível à região de Paris e seus aeroportos deixou de operar na sexta-feira pela manhã devido às greves nas refinarias, em meio às manifestações que sacodem o território galo.
O escritório de despachos de Trapil disse que a paralisia da atividade se deu desde esta manhã. Trata-se do abastecedor de gasolina, diesel, combustível de calefação para casas, de aviação e produtos semi-terminados.
Aeroportos de Paris (ADP) assegurou que por enquanto o assunto não afeta seus principais terminais aéreos. Em Orly há reservas para 17 dias e em Roissy Charles de Gaulle para todo o fim de semana, anotou.
Igualmente, a fonte disse que se chegasse a uma crise, se resolveriam em princípio o problema com o abastecimento em outros países dos vôos de curta e média trajetória.
Ainda que o problema se focalizasse agora nos aeroportos, o verdadeiro é que continuam em funcionamento os depósitos de Rubis Terminal, em Rouen.
A situação começou a tocar fundo desde ontem quando se deram os primeiros enfrentamentos da polícia contra os manifestantes. Nesta sexta-feira, as autoridades desalojaram a pessoas que bloqueavam o acesso a quatro depósitos de combustível.
Na manhã, a polícia sacou a quem bloqueavam armazene-los de Fos-sul-Mer (sul), Bassens (sudoeste), Cournon d'Auvergne (centro) e Lespinasse (sul), ao todo com uma reserva superior ao milhão de metros cúbicos.
As forças da ordem responderam assim a uma instrução do secretário de Estado francês de Transportes, Dominique Bussereau, quem sublinhou que a administração fará todo para impedir a escassez de combustível.
A esmagadora maioria dos assalariados franceses confirmou dia 12 o seu repúdio ao pacote da reforma de Sarkozy. Apesar de o governo proclamar que os jovens não eram afectados pelo pacote, estes participaram amplamente do movimento. Exactamente 66% dos franceses são favoráveis a um endurecimento do protesto, inclusive com greves prorrogáveis.
Foram 3,5 milhões de manifestantes em todo o país: 145 mil em Toulouse, 230 mil em Marselha (c/ paralização de refinarias de petróleo), 72 mil em Grenoble, 330 mil em Paris, 45 mil em Lyon, 130 mil em Bordeaux, 60 mil em Rennes. Por toda a parte os números ultrapassaram os das manifestações anteriores. Ver http://www.cgt.fr/
Os jornais portugueses que se trombeteiam como "referência" procuraram cuidadosamente minimizar tais notícias - assim como pouco ou nada dizem da Greve Geral convocada pela CGTP-IN para 24 de Novembro.
A greve desta terça-feira contra a reforma das pensões do Governo francês prossegue esta quarta-feira no sector dos transportes, registando quebras de 30 a 70 por cento no número de composições ferroviárias em circulação.
Os sindicatos franceses esperam uma adesão "corpulenta" para o segundo dia de greve no sector dos transportes, que continua esta quarta-feria a afectar sobretudo o sector ferroviário e as redes urbanas.
A rede de comboios regionais de Paris (RER) e as linhas ferroviárias de grande velocidade (TGV) registam quebras de 30 a 70 por cento no número de composições em circulação, segundo os dados divulgados pelos principais sindicatos ao princípio do dia.
Pelo contrário, o segundo dia de greve está a afectar menos o tráfego aéreo. No tocante ao tráfego de e para Portugal, apenas um voo da TAP para Paris foi cancelado de manhã.
Em Paris, a circulação foi "quase normal" no metropolitano e houve uma melhoria na RER B, uma das cinco linhas de transportes rápidos que serve Paris, com um comboio a circular em cada dois que deveria haver, indicaram as empresas de transportes.
Na empresa autónoma de transportes parisienses RATP, assembleias gerais de trabalhadores decidiram que a greve prosseguiria esta quarta-feira, explicou a central sindical CGT.
Os ferroviários também devem reunir-se esta quarta-feira, para debater o seguimento a dar às mobilizações do dia 12.
As greves foram convocadas por tempo indeterminado pelas confederações sindicais, em sectores vitais como os transportes, combustíveis e operações portuárias, em protesto contra o novo regime de reformas.
A quarta jornada de protesto desde Setembro foi aberta na terça-feira, com 244 manifestações em toda a França, com os sindicatos reclamando uma participação de 3,5 milhões de pessoas em todo o país e a polícia a adiantar 1,2 milhões.
Os protestos de terça-feira marcam, mesmo pelos números das autoridades, um aumento sensível de entre 15 e 25 por cento dos manifestantes, em relação à jornada de protesto de 23 de Setembro.
O novo regime de reformas foi aprovado a 15 de Setembro, na Assembleia Nacional e está actualmente em análise no Senado.
A contestação mantém-se também nas escolas
Esta quarta-feira de manhã,135 liceus estavam com perturbações no seu funcionamento, reconheceu o ministério da Educação Nacional: boicote às aulas, tentativas de boicote, concentrações de alunos e distribuição de panfletos.
No dia anterior, a perturbação tinha afectado 357 liceus, segundo o ministério, 800 de acordo com a União Nacional Liceal (UNL). Segundo a União Nacional dos Estudantes Franceses (UNEF), manifestaram-se no dia 12 cerca de 150 mil jovens, dos quais 90 mil do ensino secundário.
13 Outubro, 2010
Fonte: Esquerda.Net

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