sábado, 21 de março de 2009

Sobre o comércio ambulante nos ônibus de Belém

Das duas uma: ou o proprietário da empresa de ônibus Barata Transportes, que faz a linha Distrito Industrial Iguatemi é, também, dono de uma fábrica de picolés, ou são os motoristas sócios dos ambulantes. Uma coisa é certa, ninguém agüenta mais a presença de tantos vendedores circulando dentro daqueles ônibus.
Todos os dias os passageiros são surpreendidos com uma novidade. Além dos picolés, chocolates e bombons, tem também os vendedores de canetas, apitos e até palhaços. Aliás, se me permitem, são os palhaços mais sem graça que já vi.
Outro dia, tomamos um tremendo susto. Um sujeito cujo boné cobria parcialmente o rosto, entrando pela porta traseira, postou-se ao lado do cobrador e, de frente para os passageiros, começou um longo discurso. Forçando na gíria carioca, apresentou-se como o “famoso e perigoso Cachorro Louco, ex-detento do presídio de Americano”. Disse que preferia pedir que roubar e encarando bem a cada um dos passageiros passou por todos estendendo a mão. Fiquei paralisado de medo.
Pessoalmente não tenho nada contra o comércio ambulante. O povo honesto está desempregado e, portanto, sem dinheiro para o sustento de suas famílias. Pais de família precisam voltar para casa com comida e a saída que muitos encontram é essa mesma: vender qualquer coisa para qualquer um. Considero comércio ambulante uma atividade lícita, como qualquer outra. E não perdôo aos governantes que os impedem de montar suas barracas nas calçadas, sem antes lhes oferecer um espaço adequado, como o fez recentemente o prefeito de Belém. Afinal, vivemos num país em recessão, apesar dos “números” apresentados pelo governo. No Brasil inteiro falta emprego para a maioria. O custo de vida é absurdamente alto e a sem-vergonhice dos políticos não tem limite, pois aumentam seus vencimentos, sem considerar a realidade em que vivemos.
Minha bronca é apenas contra esse comércio dentro dos coletivos, onde não há espaço nem mesmo para os passageiros. Além do mais os ônibus da empresa Barata Transportes afrontam a dignidade dos cidadãos. Carros velhos, sujos e desconfortáveis, a maioria deles é conduzida por motoristas mal-educados, que tratam os passageiros como se fossem cargas, sacos ou animais.

José Emilio Almeida

2 comentários:

Unknown disse...

Independentemente de qual for a empresa de transporte coletivo de Belém, acredite, em 40min no ônibus, chego a ver de 3 a 4 vendedores de qualquer bugiganga. O discurso é sempre o mesmo. "Sou ex-presidiário, não arrumo emprego, e para não roubar, matar, vim peir..." E como se nós fôssemos obrigados a sustentar esse povo todo q em vez de procurar trabalho, prefere ganhar a vida facilmente. Não sou contra o comércio informal (acho até que o governo podia tratar melhor essa questão), mas sou completamente contra alimentar esse "trabalho" nos coletivos de Belém.

Anônimo disse...

Não sejas tão intolerANTE...cheguei a pensar que não usaste transporte coletivo.
MAS isso não ocontece somente na Grande Belém , nas rodovias inter municipais ocorrem a mesma coisa, no principio achei estranho a fascinante, depois de tanto ir vir da capital tornou-se chato...
Post um novo texto...pra agora(2011).